Renda de quase metade dos brasileiros caiu na pandemia

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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Mais pobres foram os mais afetados

 

Após cinco anos atendendo de segunda a segunda, Fernando Lucas teve que encerrar as atividades do Espaço Maia, casa de fondue que abriu cinco anos atrás, na cidade de Guarulhos. Por conta da chegada da pandemia, o empreendedor precisou baixar as portas em março.

Mesmo assim, continuou pagando o aluguel, em torno de R$ 7 mil, e os nove funcionários que trabalhavam no Espaço. “Em julho, não deu mais para arcar com as contas e, infelizmente, tive que fechar o meu negócio”, conta.

Dados do IBGE mostram que 3,3 milhões de brasileiros perderam o emprego desde abril de 2020. Segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), divulgada poucas semanas atrás, mais 489 mil pessoas haviam ficado desempregadas entre fevereiro e abril deste ano, o que fez a taxa de desemprego se manter em 14,7%.

Isso significa que 14,8 milhões de pessoas estão sem emprego, o maior índice desde o início da série histórica do IBGE, em 2012.

Foram seis meses parado até conseguir se recolocar no mercado de trabalho, como vendedor numa loja de automóveis. A diferença de renda, entretanto, é enorme, de mais de 60%. Casado e pai de um filho, Fernando precisou se desfazer de dois carros da família para se recuperar um pouco do impacto financeiro.

Um levantamento divulgado ontem pelo DataFolha revelou que para 46% dos brasileiros, a situação financeira piorou desde o início da pandemia, principalmente para quem tem a renda menor.

Na opinião de 54% brasileiros que ganham até dois salários mínimos (em torno de R$ 2,2 mil), a sua situação financeira piorou em relação a março do ano passado. Já a maior parte dos entrevistados que ganham mais de 10 salários mínimos (59%), disse que sua situação é a mesma e, para apenas 22%, piorou.

Pandemia acentuou a sobrecarga de trabalho

Pedir demissão no meio de uma pandemia? Foi exatamente isso que a publicitária Cristiane Sousa fez.

O motivo? Sua própria saúde, afetada pela sobrecarga de trabalho decorrente do corte de custos na empresa em que trabalhava.

“A empresa havia perdido muitos clientes, o que levou à demissão de muitos colegas de trabalho. Só que chegou um ponto em que eu estava realizando tarefas de mais de um departamento e trabalhando bem além do meu horário. Tive duas crises de stress que me levaram ao hospital. Por isso, optei por me desligar da empresa”, diz.

Apesar da severa redução em sua renda, também na faixa dos 60%, Cristiane não se arrepende de sua decisão. Ela afirma que o que mais precisamos neste momento é qualidade de vida, principalmente se levarmos em conta situação atual de incerteza em que todos os brasileiros vivem. “Estou bem mais feliz, mais produtiva e otimista”, destaca a publicitária, que, abriu uma loja virtual de roupas para bebês em conjunto com a irmã, e continua trabalhando, por conta própria, em sua área de formação.

A sensação de Fernando é a mesma. Para ele, “tudo é adaptação. Agora eu tenho paz, e isso não tem o que pague”.

 

Com informações da Folha.com.

Jornalista que gosta de História e, principalmente, de ouvir e contar histórias. Um curioso que já quis ser médico, arquiteto, designer de games e músico e encontrou no jornalismo uma forma de unir todas as suas paixões. E, de quebra, ainda encontrou mais uma: a fotografia, porque não basta conquistar pelas palavras. Imagens ainda contam muito nesse mundo cada vez mais hiperconectado.

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