Criatividade em forma de curativo. Conheça o “Curativos de afeto”.
“A história dos curativos começou ‘do nada’. Não foi nada planejado”, conta a instrumentadora cirúrgica Ana Carla de Paiva Borges.
Enfermeira especializada em instrumentação cirúrgica, Ana faz parte da equipe de neurocirurgia pediátrica do Hospital da Criança de Goiânia (GO) e, enquanto esperava terminar uma das incontáveis cirurgias em que já atuou, ela começou a recortar uma gaze em forma de coração, que virou curativo ao final do procedimento.
O primeiro dos “Curativos de afeto”.
Ana é a responsável por iniciar e concluir as cirurgias e, nesse dia, pensou em fazer algo diferente. “O primeiro saiu até meio ‘tortinho’, mas fui aprimorando”. Surgiram assim mais um coração, de cor azul, feito com “Azul de metileno”, e uma flor, inspirada num girassol.
Natural de Aruanã, cidade de pouco mais de 7 mil habitantes a 4 horas da capital, Goiânia, e filha de dois funcionários públicos, desde criança ela dizia que queria trabalhar na área da saúde. O feeling de pai dizia que ela seria enfermeira.
E assim foi. Logo de cara, no seu primeiro emprego, entrou na neurocirurgia pediátrica, com a mesma equipe com que trabalha até hoje.
“Sinto que eu estou no lugar certo, com as pessoas certas e na hora certa. Eu não consigo me imaginar fazendo uma outra coisa, sabe? E, por essa identificação, eu acredito que tenha espaço para usar a minha criatividade.”
Ana Carla de Paiva Borges, instrumentadora cirúrgica que criou o “Curativos de Afeto”.
E como é a reação dos pais e das crianças?
A iniciativa ganhou tanta notoriedade na cidade onde Ana atua e nas redes sociais, onde posta alguns dos curativos, que Ana lembra o episódio em que uma paciente de 12 anos, operada em novembro do ano passado, numa cirurgia para substituição de uma válvula de derivação ventrículo-peritoneal, dispositivo que drena o excesso de líquor cerebral em casos de hidrocefalia.
Quando deu entrada no Centro Cirúrgico, a menina já chegou pedindo o curativo que queria.
“Ela já me acompanhava no Instagram e, assim que chegou no Centro Cirúrgico, me disse que já havia escolhido o curativo que queria: o coração branco”, lembra, Ana. “Logo o primeiro e mais simples que você faz”, comento. Às vezes, o amor e o cuidado estão realmente nas coisas mais simples…
Já quando são pacientes menores, como bebês, a instrumentadora conta que a reação das mães e pais é de agradecimento pelo cuidado com seus bens mais preciosos. “Quando saímos do Centro Cirúrgico para entregar os bebês de volta aos responsáveis, eles ficam bem emocionados ao verem os curativos, dizendo, por exemplo, que escolheram as pessoas certas para cuidar de seus filhos”.
Confira algumas imagens dos Curativos de Afeto:




