Saúde mental de mais da metade dos brasileiros piorou com a pandemia

Foto: REUTERS/AMANDA PEROBELLI
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Ansiedade, insônia, depressão medo e insegurança. Esses sentimentos passaram a ser rotineiros para mais da metade da população brasileira desde o início da pandemia, em março do ano passado.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos encomendada pelo Fórum Econômico Mundial apontou que 53% dos brasileiros se queixaram de uma piora no seu estado de saúde mental de 2020 para cá. De acordo com o levantamento, apenas quatro países estão à frente do Brasil quando o assunto é a queda no bem estar psíquico: Itália (54%), Hungria (56%), Chile (56%) e Turquia (61%).

A maioria das queixas colhidas pela equipe da Redação do Expresso Urbano diz respeito ao aumento excessivo nos níveis de estresse, crises de ansiedade constantes e medo de perder parentes ou amigos para a COVID-19. Até o momento, o Brasil conta 417 mil óbitos e ultrapassou os 15 milhões de casos.

O psicólogo Fernando Prando explica que é natural que diante de uma crise mundial como é a pandemia, nossa saúde mental seja afetada, afinal somos “bombardeados por medo, insegurança e infelizmente por perdas frequentes”.

E isso, segundo ele, acarreta em  picos de ansiedade e quadros depressivos com maior frequência.

Em seus atendimentos, Fernando aponta que houve um aumento significativo em relação a  essas duas queixas, justamente nos picos da Pandemia. “Claro que é difícil pedir ‘calma’ neste atual cenário, porém, existem algumas formas que podem contribuir para manutenção da nossa Saúde Mental”.

A principal é manter uma rotina básica de atividade física, um dos melhores remédios para ansiedade e depressão.

É importante também ter uma rotina preestabelecida em casa, o que ajuda a se manter ocupado.

Tire momentos de lazer, pois imprescindível relaxar e fazer o que gosta.

Sempre que possível, converse com amigos e familiares, através de aplicativos, já que, neste momento, não é recomendado fazer visitas.

E principalmente, aprenda a se observar e a identificar possíveis sinais que o corpo nos dá: Dores no peito, formigamentos, tremor, sudorese, dificuldade em se concentrar e irritabilidade são sinais claros de um aumento de ansiedade.

Desânimo, choro frequente, pensamentos negativos, são algumas características da depressão.

“Se você acredita estar passando por essas dificuldades, procure ajuda profissional. E lembre-se: acredite sempre que em breve tudo isso vai passar”, finaliza.

Mas, a pandemia também teve aspectos positivos.

“Antes da pandemia, eu acordava todos os dias às 5h e chegava em casa entre 19h e 20h. Com ela, veio o home office e eu ganhei algo que vinha buscando, que foi qualidade de vida: dormia mais, passei a usar o tempo a meu favor, ou seja, mesmo acordando cedo eu passei a me exercitar mais, cuidar mais de mim, e fazer coisas que me davam prazer”, conta a bióloga Patricia Mendo, que diz também que o isolamento, de que muitos reclamam, foi uma oportunidade para que ela pudesse se reencontrar consigo mesma.

Uma outra questão que se tornou recorrente para quem trabalha em funções que permitem o home office é a dificuldade de separar o tempo e o ambiente de trabalho das atividades domésticas e do período de descanso. “Eu percebi também ao longo dos meses que, se eu não colocasse um limite no trabalho, meu expediente tomaria o dia inteiro, e isso fez muita diferença para que eu não ficasse só focada no trabalho’, afirma a bióloga.

A empresa em que Patricia trabalha passou a fazer algumas palestras e treinamentos online para a saúde mental de seus funcionários, o que, na opinião dela, dá o suporte para que os funcionários trabalhem com qualidade.

“Eu sinto falta de atividades em grupo com as pessoas que eu gosto, de sair para jantar, ir num show, no cinema, mas acredito que isso não me impactou ao ponto de acabar com a minha saúde mental. Aprendi a dar valor às pequenas coisas e também me aproximei mais de pessoas que não conhecia direito e fiz muitos outros amigos que nem pessoalmente eu conheço, mas que me identifiquei e hoje são pessoas com quem adoro conversar”, resume.

Com informações da BBC Brasil.

Jornalista que gosta de História e, principalmente, de ouvir e contar histórias. Um curioso que já quis ser médico, arquiteto, designer de games e músico e encontrou no jornalismo uma forma de unir todas as suas paixões. E, de quebra, ainda encontrou mais uma: a fotografia, porque não basta conquistar pelas palavras. Imagens ainda contam muito nesse mundo cada vez mais hiperconectado.

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2 Responses

  1. Patricia Mendo disse:

    Excelente reportagem e reflexão.

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