Demissão histórica de comandantes das Forças Armadas pressiona Bolsonaro

Os três comandantes das Forças Armadas do Brasil pediram renúncia conjunta, nesta terça-feira (30) por não concordar com uma suposta aventura golpista do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Esta é a maior crise envolvendo os militares desde 1977, no então governo de Ernesto Geisel, e a primeira vez na história que os três comandantes das forças são substituídos ao mesmo tempo sem que isso ocorra em meio a uma troca de governo.

Edson Leal Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antonio Carlos Bermudez (Aeronáutica) colocaram seus cargos à disposição do general da reserva Walter Braga Netto, novo ministro da Defesa que assumiu depois da demissão de Fernando Azevedo e Silva que entregou o cargo na segunda-feira (29).

Aliados do então ministro afirmaram que a demissão ocorreu porque Bolsonaro estava cobrando manifestações políticas favoráveis a interesses do governo e apoio à ideia de decretar estado de defesa para proibir lockdowns pelo país.

“Meu Exército”

Em 19 de março, o presidente disse que o “seu” Exército não iria contribuir para aplicar os lockdowns determinados por alguns governadores do país, o que teria incomodado as Forças Armadas. “O meu Exército não vai para a rua para cumprir decreto de governadores”, afirmou.

Neste mesmo dia, Bolsonaro disse que poderia chegar o momento de ter que declarar estado de sítio para ir contra as medidas de restrição adotadas por alguns governadores. Segundo o jornalista Ricardo Kotscho, do portal UOL, o presidente queria o apoio das Forças Armadas para pressionar o Congresso a aprovar o estado de sítio, mas Azevedo e Silva se negou a fazer isso.

Ainda, de acordo com a jornalista Thais Oyama, também do UOL, Bolsonaro também teria pressionado Pujol a emitir uma manifestação pública criticando a decisão do ministro Edson Fachin que anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e restituiu seus direitos políticos. O comandante do Exército se recusou e Bolsonaro pediu a Azevedo e Silva que o demitisse, que novamente se negou a fazer isso.

O ex-ministro da Defesa também teria se recusado a demitir, a pedido de Bolsonaro, o general Paulo Sérgio, responsável pelo setor de recursos humanos do Exército. O presidente havia ficado irritado por Sérgio ter dito em entrevista ao jornal Correio Braziliense que os militares estavam se preparando para uma “terceira onda” de Covid-19 e que tinham reforçado medidas de distanciamento social.

Com informações de UOL e DW Brasil.