Brasil pega grupo fácil na AmericaCup e pode voltar ao pódio

No último sábado, 22, a Seleção Brasileira de Basquete Feminino descobriu quais serão seus primeiros compromissos na AmericaCup.

Em sorteio realizado pela FIBA Américas, em Miami, o Brasil caiu no grupo A, encabeçado pelas canadenses e com as equipes de Colômbia, Ilhas Virgens e El Salvador. Já o grupo B, ficou composto pela dominante seleção dos Estados Unidos, Porto Rico, Argentina, República Dominicana e Venezuela.

Enquanto a competição marcada para 11 a 19 de junho, em San Juan, Porto Rico, não começa, o técnico José Neto iniciou a preparação no domingo, 23, logo após conhecer suas adversárias. As 16 atletas pré-selecionadas para formar o grupo que disputará o título – já que Damiris Dantas pediu dispensa – ficarão concentradas na cidade de Itu, no interior de São Paulo, e treinarão no Centro Esportivo João Luiz Guarda, no município vizinho, em Salto, até dia 06 de junho, quando embarcam rumo a San Juan.

Além de contar com grandes jogadoras e um grupo fácil, principalmente comparado ao outro, nossa seleção conta com um retrospecto positivo quanto à AmericaCup. Desde a criação do campeonato, em 1989, o Brasil conquistou cinco vezes a medalha de ouro, sendo o maior campeão. Logo atrás, vem Cuba com quatro, e Canadá e Estados Unidos empatados com três títulos. Entretanto, há 10 anos não conseguimos subir ao lugar mais alto do pódio. Outro fato intrigante, é que nas últimas três edições – 2015, 2017 e 2019 – o Canadá, do mesmo grupo que o Brasil, venceu em duas ocasiões.

Apesar do ótimo desempenho canadense recente, o fator que pode influenciar em uma vitória verde e amarela é a provável não presença de atletas dos EUA que joguem na WNBA – algo que facilitaria e muito nosso percurso. Até porque, algumas das estrelas do Canadá também atuam na maior liga de basquete feminino do mundo. Este cenário sendo confirmado, há uma real possibilidade de repetirmos uma grande vitória contra as norte-americanas, como na final do Pan de Lima, caso elas passem por nosso caminho.

Deixando a euforia de lado, para que a seleção passe pela fase de grupos, é preciso que fique entre as quatro primeiras. A meu ver, El Salvador, que contém um histórico inexpressivo na modalidade; Ilhas Virgens, que ganhou do nosso time apenas uma vez nos últimos anos, em 2017, numa partida com prorrogação, surpreendendo a todos; e Colômbia, que vem de duas derrotas nos dois últimos jogos contra o Brasil, não devem dar muito trabalho às nossas representantes em quadra. Embora o basquete seja jogado com bola nas mãos e muito empenho, precisamos nos preocupar somente com o Canadá, na primeira fase.O chaveamento para quem avançar às quartas de finais ficou definido como: o primeiro colocado do grupo A enfrenta o quarto do B, e assim sucessivamente (2Ax3B; 3Ax2B; 4Ax1B). O ponto crucial é que as equipes que forem à semifinal, garantem vaga para o Pré Mundial, marcado para fevereiro do ano que vem. O Mundial também acontece em 2022, na Austrália.

Logo, para uma seleção que ficou de fora da última edição do Mundial, em 2018, e não se classificou para as Olimpíadas de Tóquio, é fundamental que nossas atletas cheguem, ao menos, na quarta colocação.
A trajetória de José Neto e companhia tem início no primeiro dia da AmericaCup, contra El Salvador. Depois, encara Colômbia, no dia 12, Canadá, 13, e fecha contra Ilhas Virgens na sequência. Na minha opinião, e indo pela lógica de conquistas da competição, o Brasil chega à semi sem muitas dificuldades e poderá perder a medalha de ouro apenas para as equipes da América do Norte. Todavia, acredito muito na qualidade desse grupo de jogadoras, ainda mais com as novidades Kamilla Cardoso – que pode manter a qualidade do garrafão quando Érika estiver descansando – e a jovem armadora Maria Paula Albiero.

José Neto precisa focar em um jogo mais forte no garrafão, aproveitando a altura, envergadura e experiência de nossas pivôs. Somado a isso, trabalhar a bola para selecionar bem os arremessos, e, principalmente, não ficar forçando bolas de três pontos – fundamentalmente, contra as seleções do Canadá e Estados Unidos, que trabalham muito melhor esse tipo de jogada. Nosso garrafão já mostrou dar conta do recado em outras oportunidades, mas é preciso não perder rebotes defensivos e exercitar uma forte defesa de perímetro contra atletas mais baixas.

Agindo desta forma, podemos esperar grandes coisas da Seleção Feminina de Basquete do Brasil nesta AmericaCup.